Nos já distantes anos 60/70, quando o Inter começou a disputar regularmente campeonatos de nível nacional (Robertão, Taça de Prata etc.), muitos de nossos dias e noites foram estragados por derrotas imerecidas, quase sempre providenciadas por algum juiz esperto.
Ficávamos furiosos, e, pior, com a sensação de que perdíamos porque éramos pequenos, não tínhamos poder para vencer, ainda que muitas vezes tivéssemos futebol.
No fundo, porém, esse motivo de fúria era, também, um fator de consolo: já entrávamos nas competições sabendo que tudo seria muito difícil, que nossa chance era remota, como acontece a qualquer um que enfrenta um adversário muito mais poderoso. Perdíamos no apito, ganhávamos moralmente, sabendo que, se a disputa fosse honesta, teríamos chances efetivas.
Hoje, mesmo que não politicamente, o Inter é um dos grandes. Desde 2006, é o único brasileiro com títulos internacionais. A pequenez não explica mais nossas eventuais derrotas (e são eventuais mesmo, ganhamos na maioria das vezes).
Uma derrota como a de ontem, para o Penharol, nos envolve, por isso, na fúria dos que sabem que poderiam ter vencido; somos mais fortes, temos um toque de bola invejável, precisamos aperfeiçoar poucas coisas para fazer um time quase imbatível no Brasil.
É mesmo de enfurecer assistir a uma derrota daquelas!
Mas, no sentido contrário, acontece hoje algo semelhante ao que acontecia no passado.
Nosso motivo de fúria é, também, um fator de consolo.
Somos grandes, e logo, logo, no ano que vem ou no próximo, estaremos de novo na Libertadores, recomeçando a busca de títulos. Somos grandes, e já temos, mesmo com a derrota de ontem, uma Recopa e um Torneio dos Campeões do Mundo a disputar dentro de algumas semanas.
Melhor, claro, é não ter que buscar consolo.
Mas, sendo o caso, prefiro me consolar com a grandeza atual do Inter do que com o seu honroso, porém – em títulos – humilde passado.
João Carlos Ferreira da Silva
Nenhum comentário:
Postar um comentário